Em meio à solidão digital e à crescente dificuldade de formar conexões humanas significativas, um novo fenômeno começa a ganhar espaço: cada vez mais pessoas relatam ter uma relação próxima — e até afetiva — com inteligências artificiais como o ChatGPT. Em fóruns online como o Reddit, relatos emocionados de usuários que consideram a IA seu “único amigo” estão se tornando frequentes.
Uso excessivo de internet
The antisocial century, in three parts
1. 1960-2000: Robert Putnam sees associations and club membership plummeting, writes “Bowling Alone”
2. 2000 – 2020s: Face to face socializing falls another 25%, as coupling rates plunge
3. Now this…
(ht @micah_erfan) pic.twitter.com/rNgsVSUbFh
— Derek Thompson (@DKThomp) May 26, 2025
Esse tipo de interação não é novo, mas está crescendo em escala e intensidade. Além do ChatGPT, ferramentas como Replika, Woebot e YourMove já oferecem interações conversacionais com foco em suporte emocional, orientação terapêutica ou até flertes personalizados.
Com interfaces cada vez mais sofisticadas — incluindo vozes naturais e memória de longo prazo —, essas IAs prometem não apenas responder perguntas, mas também acompanhar jornadas.
O fenômeno levanta questões importantes. Em um mundo que caminha para a hiperconectividade, por que tantas pessoas se sentem mais à vontade desabafando com um algoritmo? Estudos apontam que quase 40% dos adultos se sentem mais solitários após o uso de redes sociais, e o uso intensivo da internet tende a reduzir significativamente o tempo gasto com amigos e família.
Falta de contato real com humanos
Para o ensaísta Derek Thompson, isso é apenas uma consequência de algo que já vinha acontecendo desde antes da IA. Em 2000, o livro Bowling Alone, de Robert Putnam, já alertava para a perda de capital social nos EUA, refletida em menos participação em associações, menos encontros presenciais e mais tempo gasto sozinho — algo que a tecnologia apenas acelerou.
Embora a IA não substitua a complexidade de uma amizade humana, ela oferece algo raro: disponibilidade incondicional, atenção constante e zero julgamento. Para alguns, isso é o suficiente — ou até mais do que recebem de pessoas reais.
À medida que as fronteiras entre humano e máquina se tornam mais tênues, a pergunta muda: não é se a IA pode ou deve ser amiga de alguém — mas por que tanta gente está precisando dela para preencher esse papel.
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