IA está roubando emprego de um grupo bem específico: jovens recém-formados

O medo de que a inteligência artificial (IA) tirasse o lugar dos trabalhadores humanos sempre rondou o mercado. Mas a realidade, ao menos por enquanto, tem sido mais específica: quem está sofrendo primeiro são justamente os profissionais em início de carreira. Aquelas tarefas simples e repetitivas, historicamente desempenhadas por estagiários e funcionários juniores, estão sendo automatizadas por ferramentas cada vez mais eficientes.

Enquanto milhares de jovens da Geração Z se formam e buscam o primeiro emprego, empresas como Google, Amazon e Microsoft já adotaram sistemas de IA que substituem parte desse trabalho inicial. Isso cria um efeito preocupante: ao eliminar funções básicas de entrada, o mercado rompe o primeiro degrau da escada profissional — aquele que ensina como o trabalho funciona.

O degrau mais baixo da carreira está sumindo

Conforme destacou Aneesh Raman, vice-presidente de oportunidades econômicas do LinkedIn, ao The New York Times, “o degrau mais baixo da escada da carreira está quebrando primeiro”. Essa metáfora resume o que já foi observado em empresas como Shopify e Duolingo, que passaram a usar IA para lidar com tarefas que antes serviam como campo de treino para recém-contratados.

Até mesmo o CEO do Indeed, Chris Hyams, reconheceu durante o Fortune Workplace Innovation Summit que, em cerca de dois terços das ocupações atuais, mais da metade das habilidades exigidas já pode ser replicada por IA generativa.

Com isso, surge um novo cenário: os jovens estão sendo preteridos antes mesmo de terem a chance de aprender. A automação resolve problemas imediatos para as empresas, mas remove a possibilidade de que profissionais menos experientes ganhem vivência no mercado — o que agrava o ciclo de falta de mão de obra qualificada a longo prazo.

Demanda por profissionais experientes, mas sem espaço para treinar

Enquanto as vagas para tarefas simples desaparecem, empresas ao redor do mundo relatam um crescimento na escassez de profissionais qualificados.

Um levantamento recente da Euronews, com base em dados da União Europeia, aponta que a falta de trabalhadores experientes e com habilidades técnicas avançadas é um dos principais desafios econômicos atuais. O paradoxo se forma: as companhias exigem experiência, mas não oferecem os meios para desenvolvê-la.

Nos Estados Unidos, onde a automação vem sendo implementada com mais velocidade, o Federal Reserve de Nova York já identificou uma alta no desemprego entre recém-formados — variando entre 5,8% e 6,2% entre os mais jovens, segundo The Atlantic. A tendência é clara: se os profissionais não tiverem espaço para errar, praticar e crescer com tarefas básicas, o mercado em breve poderá sofrer com a ausência de pessoas aptas a supervisionar e interagir com as próprias inteligências artificiais que agora substituem os aprendizes.


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